by Max Barry

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Domènec I, Rei da Venárdia

A manhã de ontem foi um dia muito especial para a Venárdia. Dominic Repesiov foi à Assembleia Constituinte assumir o encargo para o qual o povo venardo o escolheu: ser rei.

Nos dias que se seguiram ao anúncio de Dominic como o escolhido pela comissão parlamentar criada exatamente para isso, choveram críticas, seja de jornais da oposição repeseana no exterior como dos círculos de poder países que tiveram seus candidatos preteridos.

Até a manhã de assinar o termo em sessão parlamentar, Dominic guardou silêncio. Vários meios de comunicação tentaram extrair alguma declaração de Dominic, mas ele simplesmente disse a todos que ainda não estava em condições de falar como rei, que só poderia fazê-lo depois de efetivamente assumir. O detalhe é que quase todos esses contatos, tanto telefônicos como por e-mail, foram respondidos pelo próprio Dominic.

Na entrada das Cortes, em Montserrat, uma multidão de jornalistas esperava o quase rei. Dominic chegou quase despercebido, pois foi com seu carro particular e o parou a algumas quadras do edifício. Só foi reconhecido quando tentava penetrar pela multidão. Passado o primeiro susto dos jornalistas em ter o monarca simplesmente no meio deles, Dominic foi bombardeado de perguntas. Um dos jornalistas dirigiu-se a ele como “Majestade”. Dominic não escondeu o sorriso e respondeu de volta:

— Meu bom homem, por enquanto sou apenas o senhor Dominic Repesiov; quando eu sair do palácio, aí você pode me tratar dessa maneira.

Todos riram; nesse momento, os policiais que fazem a guarda das Cortes afastaram os jornalistas e ajudaram Dominic a ir até o interior do prédio.
À entrada de Dominic, os parlamentares levantaram-se e o aplaudiram. Rapidamente Repesiov chegou à tribuna. As palmas cederam, e ele começou seu discurso.

Meus queridos concidadãos.

É uma honra indescritível dirigir-me a vocês e à nação desde esta tribuna. Meu velho coração se renova neste momento.

É com honra que me candidatei a ser vosso rei. Hão de dizer por aí que Dominic Repesiov é repeseano, é irmão de Maria IV, é estrangeiro. Vivo neste país há quase cinquenta anos; aprendi a ser venardo. Aprendi a amar o país que me deu guarida.

Algumas vozes disseram que um Repesiov no trono venardo é uma ameaça à segurança, pois Repes vive sob um regime autocrático. Minha principal diferença com a minha família é sobre como um rei deve agir. Saí de Repes porque lá estava designado a um papel secundário: eu era, e ainda sou, membro da família imperial, mas, como se sabe, os homens lá são renegados, estão fora da linha sucessória e das decisões. Se eu ficasse em Repes, teria tido uma vida boa, mas secundária, sempre à sombra da minha família. Decidi vir à Venárdia porque aqui eu teria chances de me desenvolver. Aqui tive sucesso nos negócios, aqui conheci minha esposa e tive meus filhos. A Venárdia, senhores, é a minha pátria.

Gostaria também de me dirigir aos dignitários das nações estrangeiras que me veem com desconfiança. Eu não teria, como rei constitucional que estou a minutos de me tornar, de dar satisfações dessa monta ou de interferir na política externa venarda, mas gostaria de lembrar que o fato de eu carregar o sobrenome Repesiov não me faz automaticamente portador das virtudes ou dos defeitos da minha família.

Meu compromisso não é com os Repesiov, nem com Repes, mas com a Venárdia e meus compatriotas. É meu único e mais excelso compromisso.
Sei que surjo no cenário nacional em momentos ainda delicados. Saímos de um regime autoritário que tinha mais de cem anos e começamos a dar os primeiros passos na democracia. Democracia com representantes eleitos diretamente pelo como, coisa que a Venárdia nunca havia tido em toda a sua longa história. Nossa nascente democracia é frágil; eu venho como rei constitucional, com função de chefe de Estado. Embora seja um papel que represente a nação, não me calarei diante de qualquer tentativa de subversão da democracia, essa conquista que custou a vida de tantos em uma convulsão social que quase resultou em guerra civil.

Venardos, tendes em mim não apenas um rei, como assim escolhestes, mas também um defensor e um guerreiro. Não há arma, espada ou ameaça que me façam fraquejar frente à missão que me foi dada.

Senhores deputados, vossa missão é, como a minha, velar pela democracia nascente e reforçar as nossas instituições. Tereis na Coroa um arrimo e uma garantia da vossa função. É também preciso cuidado no exercício da política; ela é uma faca de dois gumes. Se, por um lado, ela garante o funcionamento da democracia e oxigena as instituições, se mal utilizada, pode ser veículo de corrupção política e moral.

E, por fim, declaro estar pronto para assumir a nobre função para a que fui escolhido.

A Assembleia levanta-se em nova ovação ao monarca, que se dirige à mesa diretora da casa, onde também está sentado o presidente da República, Enric Demassús, que passa a Dominic um documento dentro de uma pasta. Era o termo de posse, que Dominic assina.

Demassús pega o microfone.

Caríssimos cidadãos, a partir deste momento, a República Provisória da Venárdia passa a ser o Reino da Venárdia. Eu, como chefe de Estado republicano, transfiro o poder que detenho a Domènec I, Rei das Terras Venardas, e de quem passo a ser leal súdito.

Nova ovação, gritos de “Viva o rei!” e a cerimônia termina. O discurso do rei foi transmitido pela internet, pelo rádio e pela televisão.

A Venárdia tem um rei no comando.

A coroação está marcada para os próximos meses.

Repes, Lysandus, and Nova brazilis

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